O estudo de Política Internacional é muito agradável. No entanto, essa disciplina de natureza dinâmica com frequência gera uma dúvida: como estudar atualidades para o CACD?
Para saná-la é preciso primeiro entender o que é a Política Internacional e o que são as tais “atualidades”, para não se deixar soterrar por uma montanha de informações soltas.
A Política Internacional não se restringe a um único ramo do conhecimento, mas corresponde a um agregado de disciplinas; ela tem um quê de atualidades, um quê de geografia (e de estatística), um quê de economia. E tem também um elemento que, a princípio, não é lá tão óbvio — ela é a continuação contemporânea da História Mundial, é a história cotidiana do mundo sendo construída em tempo real, de modo que o que hoje se lê nas notícias de jornal, amanhã estará estampado nos livros de História.
Quem me trouxe essa perspectiva foi o diplomata Rômulo Neves, professor de Política Internacional Contemporânea no Grupo Ubique. E a simples introjeção dessa informação — a de que a Política Internacional é uma continuidade da História —, pode mudar a maneira como você, CACDista, estuda Política Internacional para o CACD. Explico.
Se a Política Internacional é uma continuidade da História Mundial, o que deve ser estudado antes, para fins de melhor aproveitamento pedagógico dos conteúdos, ela ou História Mundial? Ganhou um docinho quem respondeu “História Mundial”.
O estudo de Política Internacional fará muito mais sentido do ponto de vista lógico-estrutural, se você estudar História Mundial antes, se compreender primeiro os pontos cruciais da formação do mundo contemporâneo. Uma vez dominados os antecedentes históricos, sua sequência de desdobramentos — isto é, o estudo de Política Internacional — será muito mais palatável. Note que esses desdobramentos são o que chamamos de “atualidades”.
Muita gente se perde na leitura infinita e indiscriminada de notícias diárias, que se acumulam, porque não há tempo hábil para “digeri-las”. Você já deve ter passado por isso em algum momento (sim, é um pesadelo ter clippings de notícia acumulados para ler). Parece que sempre se está devendo algo a alguém. Surge uma culpa que corrói a “boca do estômago” como um fantasma dos umbrais. E como isso não é saudável, é preciso “fazer as pazes” com as atualidades. Quer saber como? Descubra a seguir.
Atualize-se por meio das fontes certas.
Siga as fontes oficiais da política externa brasileira: o site do Itamaraty, em especial a sessão de notas à imprensa do MRE; acompanhe as movimentações nas relações bilaterais e multilaterais do Brasil com parceiros estratégicos. Acompanhe também as publicações do IPRI (Instituto de Pesquisa em Relações Internacionais) e, quando couber, garanta leituras estratégicas e gratuitas no site da FUNAG (Fundação Alexandre de Gusmão).
Crie “maços” geográficos.
Mantenha um caderno de Política Internacional atualizado por áreas geográficas: Estados Unidos, China, Américas (Central e do Sul), Ásia, Oriente Médio, Europa.
Depois que eu descobri esse jeito de estudar “PI” nunca mais quis saber de outra coisa! Esse tipo de organização facilita a percepção global e estratégica das regiões e agiliza não só a inserção de notícias relevantes, como também o resgate rápido dessas informações. Além disso, esse formato agiliza as revisões periódicas da matéria.
Quem me apresentou à ideia do maço foi o meu querido mentor, o Marcílio Falcão.
Filtre as notícias sob a ótica oficial: a do Ministério.
É preciso ler notícias todos os dias? Não necessariamente.
Boa parte do que se lê na imprensa em termos de política internacional é de pouca utilidade. Entrevistas enormes não raro trazem um ou dois pontos de interesse para o CACD. Isso acontece porque a visão da mídia sobre o que é relevante em termos de Política Internacional não necessariamente segue a lógica dos especialistas que prepararam a prova do CACD, de modo que um fato muito pontual a respeito da situação doméstica do Gabão talvez não interesse para o concurso. Já notícias sobre desdobramentos da Guerra comercial entre China e Estados Unidos, por exemplo, interessam — e muito.
Para facilitar a sua vida, tome o próprio edital como parâmetro e filtre o que merece ser objeto da sua leitura nos clippings e jornais da vida sob a perspectiva da política externa brasileira determinada pelo Ministério das Relações Exteriores. Assim você ganha tempo.
E escutar podcasts, é uma boa?
Sim, com ressalvas.
Escutar podcasts pode, sim, ser uma fonte de alimentação do seu material de atualidades, desde que essa atividade não roube o tempo de estudo do conteúdo substantivo de Política Internacional — aquele que de fato constrói o seu arcabouço teórico a ser atualizado no futuro.
Quem sabe se você ouvir o podcast enquanto faxina a casa, lava a louça, toma banho, caminha ou dirige? Pode ser uma opção válida para o seu tempo livre ou menos direcionado, mas não como parte da sua sessão de estudos.
A seguir, você encontra indicações de alguns podcasts correlacionados ao nosso tema:
*Petit Jornal
*Xadrez Verbal
*Foreign Policy
* Hopkins Podcast on Foreign Affairs
* The Economist Radio Podcast
A título de complementação, assista ao secretário e professor Rômulo Neves contando sua trajetória como diplomata neste vídeo e também neste outro a seguir, e falando sobre estratégias para vencer a prova de Política Internacional do concurso.
(start at 1:10)
Por hoje é tudo. Bons estudos!
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