Dois inimigos do CACDista

novembro 21, 2024

Atenção para dois inimigos do CACDista que podem atravancar seriamente a preparação para o concurso de diplomata: Síndrome do Impostor e Efeito Dunning-Kruger.

Imagine um CACDista que há anos estuda com afinco e seriedade para conquistar uma vaga no Itamaraty. A cada dia ele avança com dedicação e seriedade nos estudos, trabalhando seus pontos fortes e fracos. Os professores elogiam sua competência no entendimento das diversas disciplinas e seu avanço qualitativo é substancial. Os resultados anuais que ele obtém nas provas do concurso mostram que a aprovação está próxima.

Porém, contrariando todos os indicativos de uma colheita próspera, esse CACDista se sente um falsário; não se acredita digno nem merecedor de uma vaga na carreira. Sente-se um completo incompetente como estudante e também acha que será um péssimo diplomata. “Meu lugar não é o Itamaraty. Eu sou uma farsa”, ele pensa. A partir daí, em vez de seguir com o plano que mostra que o objetivo será atingido em breve, ele decide abandonar a preparação. “O CACD não é pra mim. A Diplomacia não é pra mim”. Note que essa pessoa detém todo o instrumental para se tornar excelente diplomata. Mas como sua autoimagem é deturpada, e seu sentimento de menos-valia é profundo, ela não consegue ver o quanto merece a recompensa pelo esforço que fez. E desiste.

Esse comportamento é característico de quem sofre da Síndrome do Impostor, também conhecida como Inferioridade Ilusória, um fenômeno que afeta profundamente a psique dos indivíduos, mas que, apesar disso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) não reconhece como doença mental. As pessoas que sofrem da Síndrome do Impostor são muito capacitadas, mas apresentam a autoconfiança enfraquecida ao ponto de subestimar suas próprias habilidades e de igualá-las às de outros indivíduos objetivamente menos capazes.

Agora imagine um CACDista iniciante que acredita ter o dom natural para a carreira, que nasceu para fazer isso. Ele tem certeza de que vai entrar na Diplomacia bem rápido e sem esforço e, partindo desse pressuposto, ignora solenemente todas as advertências que comprovam que o CACD é um projeto de longo prazo, que demanda uma dedicação intensa aos estudos — mesmo que o candidato seja genial. Para ele não interessam as estatísticas, os depoimentos de aprovados, tampouco os conselhos cirúrgicos de experts no concurso. Considera-se tão diferenciado intelectualmente, que desdenha da necessidade de um treinamento focal. E pensa: “Vou tirar essa prova ‘de letra’, porque tenho o dom e sou extremamente competente em tudo o que faço”. Mas eis que a vivência real da prova atesta o quanto ele subestimou o concurso e superestimou as próprias aptidões. A partir daí, dependendo de sua índole, ou ele reconhece as deficiências e começa a estudar para desenvolver as competências que o capacitarão a passar, ou desiste por desencanto, depois de mais uma ou duas tentativas frustradas.

Esse CACDista está sob o Efeito Dunning-Kruger, ou a Ilusão da Competência, um fenômeno que leva pessoas que possuem pouco (ou nenhum conhecimento) técnico sobre um assunto a acreditar que sabem mais que outros indivíduos mais bem preparados em termos técnicos. Ele superestima suas habilidades e é incapaz de reconhecer seus erros e de avaliar-lhes a extensão. O erro de avaliação das pessoas sob esse efeito leva-as a decisões e a resultados equivocados que, não raro, deixam patente a sua incompetência.

Qual é o problema comum a ambos os CACDistas? Um desajuste tão intenso nas doses de autoestima, que não lhes permite pensar com clareza a respeito de si e de suas capacidades inatas ou adquiridas. O CACDista com baixa autoestima não enxerga seu real valor e se autossabota. Por sua vez, o CACDista com excesso de autoestima está cego para o fato de que é apenas mediano. No primeiro caso, a pessoa é competente e apta na concepção técnica de terceiros, mas não se reconhece como tal. No segundo, a pessoa apenas pensa ser competente e apta do ponto de vista técnico, quando na verdade não o é. Ambos os comportamentos são destrutivos.

Por isso, uma análise realista sobre suas forças e fraquezas como candidato é condição indispensável ao sucesso de qualquer CACDista, especialmente porque esse conhecimento norteia a construção da estratégia de aprovação no CACD, que dependerá majoritariamente de estudo e de prontidão para treinar as habilidades que necessitem ser desenvolvidas. E é fundamental que haja uma disposição sincera e comprometida direcionada ao ato de estudar.

E, aí? Preparada(o) para conquistar a sua vaga? Não perca tempo pensando se o concurso é para você. Acredite e trabalhe para concretizar a sua boa “sorte”.

Bons estudos e sucesso!

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