Depois de tanto ouvir especialistas e diplomatas conversando sobre quais obras ou trechos de obras é válido ler durante a preparação para o concurso da diplomacia, observei alguns aspectos quanto às indicações bibliográficas:
* falta consenso entre os aprovados;
* a escolha pragmática da bibliografia acelerou a aprovação deles;
* a aprovação não está necessariamente atrelada à quantidade de livros lidos.
Para que se entenda melhor, segue um exemplo, respectivamente, para cada um dos três tópicos.
Falta consenso entre os aprovados
Pense em História Mundial; a leitura das “Eras” de Edward Hobsbawn é indicada por uns e rechaçada veementemente por outros que o acham prolixo e controverso. Alguns recomendam a leitura do professor Milton Santos, outros, alegam que ela já está descontextualizada.
Não há consenso.
A escolha pragmática da bibliografia acelerou a aprovação
O CACD 2019 trouxe exemplos de candidatos que aliaram a objetividade na leitura da bibliografia básica a técnicas de estudo de aprendizagem acelerada, o que resultou em uma “aprovação a jato”: houve gente passando com apenas 9 meses de estudo! E não se tratou de um caso isolado; pelo menos três dentre os novos terceiro-secretários passaram munidos dessa estratégia.
Quando questionados acerca de quantos e quais livros leram, a resposta foi poucos livros inteiros e somente capítulos recomendados.
Resistir à tentação de ler mais do que o necessário parece ser uma atitude proativa em matéria de CACD.
Donde se chega ao último tópico, que é, na verdade, uma conclusão:
A aprovação não está necessariamente atrelada à quantidade de livros lidos
A simplicidade é o grau máximo da sofisticação.
Vale mais o domínio global de algumas boas obras básicas de cada disciplina em conjunto com a capacidade de se expressar bem sobre os assuntos. Isso talvez valha mais do ponto de vista prático da preparação do que todo o conhecimento enciclopédico de leituras aleatórias.
Embora não haja consenso sobre quais obras ou capítulos ler para prestar o concurso da diplomacia, alguns manuais básicos são canônicos. São eles:
História Mundial
História da Civilização Ocidental, volume II, de Edward MacNall Burns (todo)
O mundo contemporâneo, de Demétrio Magnoli (todo)
História do Brasil
História do Brasil, de Bóris Fausto (atenção: não é o História Concisa!)
História do Brasil Nação (5 volumes), org. Lilia Moritz Schwarcz
Geografia
Conexões, de Regina Araújo et ali
Geografia para o Ensino Médio, de Demétrio Magnoli
(Basta um deles)
Geografia Pequena História Crítica, de Antônio Carlos Robert Moraes
Português
Comunicação em Prosa Moderna, de Othon Moacir Garcia — para técnicas de redação
Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, última edição
História Concisa da Literatura Brasileira, de Alfredo Bosi — estudos de literatura
Formação da literatura brasileira e Literatura e sociedade — Iniciação à literatura brasileira, de Antônio Cândido
Economia
Introdução à Economia, de Gregory Mankiw
Direito Internacional
Direito Internacional Público e Privado, de Paulo Henrique Gonçalves Portela
Política Internacional
História das Relações internacionais do Brasil, de Francisco Doratioto e Carlos Vidigal
História da política exterior do Brasil, de Amado Luiz Cervo e Clodoaldo Bueno
História das Relações Internacionais Contemporâneas, org. José Flávio Sombra Saraiva
Teoria das Relações Internacionais, de Nogueira e Messari
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Finalizo deixando aqui um vídeo do tutor e diplomata Marcílio Falcão, falando sobre o ponto de partida das bibliografias do CACD. Se interessar, saiba mais sobre o Grupo Ubique aqui.
Bons estudos!
Foto: Unsplash
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