Para ansiedade, respiração

maio 18, 2024

“Para todas as coisas (…),

para que fiquem prontas,

paciência”.

(trecho da canção Diariamente, composição de Nando Reis)

            O ritmo cotidiano pode tornar-se um tanto vertiginoso diante das incontáveis demandas a que precisamos atender: família, trabalho, negócios, amigos, estudos. Não raro ouve-se alguém desejoso de que o dia tenha mais de vinte e quatro horas. É comum também encontrar relatos sobre procrastinação e perda de foco, devidas, em grande parte, à distração propiciada pelas redes sociais da modernidade. Diante de tanta correria, esquecemos de respirar corretamente e ficamos exauridos, sem viço e ansiosos. A ansiedade é um sentimento que se instala quando alguém se dissocia do presente (o único tempo de se que dispõe de fato) para viver no futuro (incerto, que, aliás, pode nunca chegar, ou chegar de modo diferente do esperado).

            Dia desses, passeando pelo Instagram, encontrei um post de alguém que comentava o quanto sua ansiedade prejudicava o foco nos estudos. Fiquei pensativa sobre as causas da ansiedade. São muitas, a meu ver. Neste texto, porém, decidi focar em apenas uma delas, nevrálgica e bastante atual: a exposição prolongada às redes sociais como causa provável do aumento no nível de ansiedade nas pessoas.        

            Não há problema algum em se ter uma vida virtual, desde que equilibrada e com limites bem delimitados. Inócuo é o mau gerenciamento do tempo despendido em redes virtuais, subtraído, talvez, de atividades necessárias e inadiáveis no mundo real. Essas mídias foram criadas com o intuito de prover distração – e mesmo algum alheamento – e, desse modo, podem provocar nos usuários um tangenciamento da vida real para a virtual. Basta um bipe – o lembrete sonoro de que chegou notícia, nova postagem ou tweet – para gerar no usuário um senso de urgência, uma quase obrigação de checagem imediata da tela. E lá se vai a tarefa do mundo factual, à qual ele deveria estar integralmente se dedicando com atenção plena. A relação entre uso da rede e ansiedade é diretamente proporcional: quanto mais se usa aquela, mais esta aumenta, num infinito de retroalimentação. Há casos de indivíduos viciados eletronicamente. A este respeito, nada tenho a sugerir. Porém, no que tange a desacelerar a mente agitada para tornar o processo de estudo mais eficiente, as práticas que descreverei a seguir podem ser profícuas. São duas técnicas simples: uma de relaxamento do corpo e outra de controle da respiração, ambas de execução rápida e segura, que cabem perfeitamente no intervalo entre um pomodoro de estudos e outro, vindo a somar pontos preciosos à sua produtividade. Pessoalmente, pratico-as com frequência, sempre que preciso de uma recarga imediata de energia. Elas acalmam a agitação mental de pronto. Basta ajustar o seu timer e colher os benefícios.

            Boas práticas e bons estudos!

* *

SENTAR-SE EM SILÊNCIO (1 a cinco minutos)

(A ideia, aqui, é apenas observar sua respiração e aprofundá-la lentamente. Não respire rapidamente, ou ficará com sensação de enjoo e tontura! Respire de modo lento e procure deixar todo o ar sair dos pulmões antes de uma nova inspiração.)

Ajuste o relógio para o tempo que desejar.

Espreguice-se.

Sente-se.

Cruze as pernas (se estiver no chão) ou mantenha as solas dos pés em contato total com o chão (se estiver na cadeira).

Repouse as mãos nas coxas.

Mantenha a coluna bem esticada.

Aponte o queixo suavemente para o peito, sem forçar.

Libere a tensão dos olhos, da testa e da boca (deixe a língua “flutuar”).

Respire fundo, observando o ar entrar e sair calmamente: uma inspiração lenta, uma expiração lenta (sempre pelo nariz).

Repita, até o tempo acabar.

*

RELAXAMENTO RÁPIDO (5 minutos)

(Note que a ideia aqui não é adormecer, mas soltar a tensão do corpo e, respirando, relaxar os músculos. Músculos relaxados acalmam a agitação mental. Este exercício é melhor realizado direto no chão, sobre um tapete ou pano.)

Sente-se com a coluna ereta.

Apoie as palmas das mãos no chão, uma de cada lado do corpo.

Aponte o queixo suavemente na direção do peito.

Respire profundamente por três vezes, inspirando e expirando (pelo nariz sempre), sem pressa.

Encolha a barriga e dobre o peito sobre as coxas, tentando alcançar os pés. Fique por alguns segundos e volte à posição inicial.

Deite-se confortavelmente, com a face para cima.

Apoie completamente no chão as nádegas e os ombros. Os joelhos apontam relaxadamente para fora, sem tensão, e os calcanhares tocam o chão.

Agora, deixe os pés penderem naturalmente para fora.

Respire normalmente, mas devagar. Perca-se na arte de respirar.

Quando o tempo terminar, vire-se para o lado direito do corpo e aguarde uns 10 segundos, antes de se erguer.

Levante-se lentamente e aprecie os resultados de uma mente mais tranquila e clara.

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