Queria uma cartomante que me garantisse: “Trago sua aprovação no CACD em 3 dias.” Quem me dera! Talvez não em três dias, mas será possível uma aprovação a jato no CACD? Quem acompanha perfis de diplomatas recém-aprovados nas redes sociais sabe que existem alguns que fugiram às estatísticas de tempo de preparação e aprovação. Na última edição do concurso da Diplomacia, o CACD, que aconteceu em 2019, houve uma pessoa aprovada com apenas oito meses de estudo e outra após um ano, ambas com auxílio de ferramentas de aprendizagem acelerada e revisão espaçada, a saber flashcards e mapas mentais. Essas duas diplomatas admiráveis — que são hoje mentoras no Grupo Ubique — constituem exceções às estatísticas e, portanto, não servem como parâmetros de comparação para a maioria dos candidatos medianos como eu. Nivelar-se pela regra faz mais sentido do que nivelar-se pela exceção.

 Se você quer estudar para o CACD com qualidade e foco, parta do princípio óbvio (mas muito ignorado) de que por mais que você queira passar rápido é mais provável que isso não aconteça. É uma verdade dolorida, eu sei. Mas é assim com a massa CACDista — e são grandes as chances de ser assim conosco também.

E qual é a vantagem de se pressupor mediano em vez de excepcional? Simples; você sofre menos. Já que ninguém pode ter certeza de ser um ponto fora da curva até que isso se comprove na prática, imaginar-se mediano ajuda a se preparar para o concurso com a devida tranquilidade e paz de espírito. E não há nada de pejorativo na premissa do mediano; ela reduz — e muito — as chances de frustração e desistência. Ademais, caso alguém venha se preparando para passar em quatro ou cinco anos e entre para a exceção das estatísticas, sua aprovação será ainda mais saborosa, porque terá o bônus do tempo a seu favor. Aliás, foi o que aconteceu com ambas as diplomatas do exemplo: nenhuma delas pensou em passar depressa; na verdade, elas se programaram para estudar até passar, pelo tempo que fosse necessário. Talvez nisso resida o segredo de uma preparação bem-sucedida: estuda-se até passar e não para passar. Você apenas senta e faz o que deve fazer, sem se preocupar demasiadamente com resultados, em especial com resultados imediatos.

Um toque amigo, CACDista: pode ser que você passe logo, pode ser que não. Como ninguém sabe quanto vai demorar, esteja preparado psicologicamente para enfrentar anos de preparação, contudo trabalhe agora para estar pronto(a) para a prova da edição seguinte. (Não é porque você se programa para passar em cinco anos que vai dilatar o conteúdo do edital no tempo, nem protelar a execução do que deve ser feito já.)

A única certeza quanto ao CACD é factual: a aprovação jamais chegará em bandeja de ouro. Ela será a coroação de um processo que envolve entre outros fatores, trabalho intenso, ritmo, temperança, uma boa dose de resiliência e uma pitada do que alguns chamam de “sorte” (e que eu chamo de karma).

Portanto, apenas estude, sem atropelos. Confie no tempo e deguste esse processo de beleza ímpar que é a preparação para o CACD, apesar dos percalços que lhe são inerentes.

Bons estudos e sucesso.

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Photo by Damir Spanic on Unsplash