Melhor cursinho para o CACD

novembro 21, 2024

Se você começou a ler este texto na expectativa de encontrar uma resenha sobre o melhor cursinho para o CACD, esqueça. A proposta de hoje é um exercício de análise que facilitará sua escolha objetiva por um preparatório para o concurso de diplomata.

Considere os seguintes fatores antes de contratar um curso:

*expertise e didática dos especialistas;
*preço;
*carga horária; e
* se vai conseguir consumir o conteúdo antes que o curso expire.

Desdobraremos todas essas ideias a seguir.

Expertise e didática dos especialistas

Na hora de contratar um especialista, considere obrigatoriamente o grau de conhecimento acadêmico que ele possui na disciplina que se dispõe a lecionar. Idealmente um especialista deveria ter, além da formação acadêmica, formação em didática do ensino, mas infelizmente isso é raro. Mais do que apenas dominar o conteúdo, o especialista precisa saber transmiti-lo do modo mais pedagógico possível. Uma boa aula favorece o entendimento global, conta uma história completa com início, meio e fim. E não deve competir com as leituras, mas complementá-las.

Por isso, procure experimentar criteriosamente as aulas demonstrativas de cada docente antes de contratar.

Em suma, certifique-se de sempre buscar os melhores especialistas em formação e em didática, sempre que possível.

Aqui vale uma ressalva: você verá muitos diplomatas sem graduação em Relações Internacionais ensinando Política Internacional em vários preparatórios. Afinal, com graduação ou não na área, o diplomata é, antes de tudo, um especialista em Política Externa, treinado minuciosamente pelo MRE.

Preço

O preço é uma parte significativa do processo de decisão de compra, que deve avaliar a qualidade do produto ou serviço em contraposição aos resultados que se espera obter.

Alguns extensivos custam o preço de um carro popular (!) por contratação. E como a preparação para o CACD é longa, multiplique esse “singelo” valor por quatro ou cinco e terá a noção aproximada do tamanho do rombo no seu orçamento. É claro que você não precisa comprar o pacote todo de uma vez (prática nem recomendada, aliás). Contudo, mesmo o preço das matérias vendidas em separado é proibitivo.

Por isso, lembre-se: preço alto não é sinônimo de boa qualidade e vice-versa. Pesquise, informe-se e avalie o custo-benefício do que está prestes a comprar. E tome cuidado com o “canto da sereia”, que faz parecer que os aprovados da vez estudaram exclusivamente num cursinho. O que ninguém diz é se a pessoa fez uma disciplina ou todas no mesmo lugar. Essa é uma tática mercadológica de que os cursinhos se utilizam para sobreviver, e não há nada de errado nisso. Mas o argumento de que “todos os aprovados estudaram conosco” não pode ser o único parâmetro para a sua decisão de compra, porque, como você já sabe, as opções de curso no mercado do CACD são limitadas, o tempo de preparação é longo, e a tendência é que os CACDistas passem por mais de um cursinho — ou até por todos os cursinhos — antes da aprovação.

Infelizmente a preparação para o CACD é cara e quanto a isso ainda não há muito o que se fazer. A não ser que você se rebele e decida estudar como antigamente, de modo autodidata, como devem ter feito os muitos candidatos que ingressaram na carreira antes do advento dos preparatórios, que, salvo engano, data de 2003.

Carga horária do curso

Corre por aí a lenda urbana de que quanto mais volume teórico melhor. Esse conceito é equivocado. Em doses exageradas o remédio que cura também mata: o excesso de conteúdo teórico gera a famigerada sensação de “matéria atrasada” e faz parecer que, por mais que se esforce, você nunca evolui, e que só terminará o edital na terceira idade. Além disso, de nada adianta ter conteúdo sem a capacidade de transformá-lo no texto que a banca espera encontrar. Conteúdo e forma precisam andar juntos.

Quando você contrata um cursinho, o cronograma de aulas atende às conveniências do professor e não às suas, como estudante. Não se considera na tabela de aulas semanal do curso o tempo que você gastará para digerir o assunto em tela.

O CACDista pensa: “Comprei um curso de Direito Interno que tem 60 horas. Já que eu estudo 10 horas por dia, de segunda a sábado, dá pra fechar a matéria em uma semana”. Ledo engano. Na prática, essas 60h são referentes apenas à carga teórica, ao tempo que o professor (e não você) gastará para expor a matéria aos alunos. Para vencer as mesmas 60 horas de teoria, você precisará canalizar duas vezes e meia o mesmo tempo — ou 150 horas, se preferir — para o estudo ativo, que engloba familiarizar-se com o tema, anotar, inferir, categorizar, sistematizar, e por fim, reorganizar a informação com suas próprias palavras (isso tudo cabe em “resumir”). Assistir às aulas e apropriar-se de seu conteúdo são atividades bastante distintas.

Como aspirante a diplomata é bom ser pragmático(a): você será um generalista e a objetividade é sua melhor companhia. Mais vale um livro bem curado e bem digerido sobre um assunto do que vinte aulas consumidas de maneira superficial. O excesso de aporte teórico é prejudicial, de modo que vale ponderar se um curso teórico com muitas horas não poderia ser resolvido, quando couber, com a leitura atenta e ativa de um livro ou dois.

Tempo hábil de consumo

Imagino que quem compra um curso queira consumi-lo, já que o investimento é alto. Mas tenho certeza de que você já comprou um que não concluiu porque o tempo de acesso esgotou. E quem sabe você o tenha comprado de novo. E de novo. Acontece pelo menos uma vez na vida de CACDista e alguém — você ou um terceiro — paga essa conta exorbitante. O uso do recurso precisa ser inteligente, e, portanto, é prudente evitar comprar algo que não será consumido.

Como já dito, a agenda do curso não segue a conveniência do aluno, e isso deve ser analisado na hora da compra. Na melhor das hipóteses, você terá no máximo 12 meses de acesso ao seu produto. Logo, pode ser uma estratégia inteligente para não perder dinheiro comprar uma disciplina de cada vez, concluí-la toda e só então adquirir outra, em vez de comprar um pacote gigante de aulas que não conseguirá terminar de assistir em tempo hábil (e com qualidade).

Atenção a outro aspecto: ainda que dê para consumir todo o conteúdo pelo qual pagou, será que é mesmo essencial adquirir “novos” cursos todo ano? Dificilmente o edital do concurso terá mudado tão substancialmente de uma edição a outra que chegue a demandar uma atualização em tão curto espaço de tempo. É verdade que a Política Internacional, a Geografia e o Direito são disciplinas mais dinâmicas, mas o que muda em Português, idiomas, História e Economia? Resista ao senso de urgência que o mercado tenta incutir em você. Resista ao medo de perder algo (tradução para F.O.M.O. ou fear of missing out).

O consumo sustentável leva ao estudo sustentável, que por sua vez cria um(a) CACDista fortalecido(a) e feliz.
Espero que esta reflexão seja de alguma utilidade.
Bons estudos e sucesso!

*

(Photo by LUM3N on Unsplash)

2 Comentários

  1. ROGERIO R. DA SILVA

    Parabéns pelo artigo. Sucinto e didático. Ajudou bastante.

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    • pupila

      Obrigada pelo feedback, Rogerio. Esta casa cacdista agradece a sua companhia!
      Bons estudos!

      Responder

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