Quem é cacdista sabe o quanto é complexa a tarefa de criar e manter uma rotina de estudos saudável. Em geral o estudo para concursos públicos é uma atividade desafiadora para os estudantes, primeiro, porque exige um esforço muito consciente de disciplina e constância; segundo, porque a construção do conteúdo não acontece da noite para o dia. Além disso, não existe garantia de aprovação, apesar de todos os esforços empregados. E quando se trata do CACD, esses desafios se ampliam pela natureza e pela complexidade das provas. Estudar para o CACD demanda um bom plano — um aspecto da preparação que muitas pessoas negligenciam, mas que pode ser um diferencial para a aprovação.
Um planejamento de estudos consistente precisa:
Ser eficiente
Como saber se o seu é? Observe se ele funciona! Se você fica satisfeita(o) com o resultado prático dos seus estudos, o seu plano é eficiente.
Eficiência, em direito administrativo, é um princípio que engloba as seguintes características: produtividade, economicidade, qualidade, exigência de redução de desperdício de recursos; celeridade (rapidez), presteza na execução, perfeição funcional, rendimento funcional, desburocratização, flexibilização.
Proponho como exercício que você pense em como cada uma dessas palavras se aplicaria ao seu plano de estudos.
Ser suficiente
O planejamento de estudos precisa contemplar as disciplinas do edital de modo mais ou menos uniforme, conforme as habilidades de cada cacdista. Dar muita ênfase apenas ao estudo das matérias que você aprecia é algo improdutivo. Certifique-se de montar um plano de estudos que distribua a sua atenção de maneira equilibrada entre as diversas disciplinas.
Considerar as forças do estudante
Antes de bolar um plano, faça um autoexame sincero e mapeie onde estão as suas habilidades e aptidões. Conhecê-las é um fator decisivo para a montagem de um planejamento de estudos sustentável. “Conhece-te a ti mesmo” é a máxima que vai acompanhar o estudante durante todo o percurso até o Itamaraty. Saber bem o que você domina facilita a distribuição adequada e estratégica do tempo, e evita que seus estudos pendam para o lado das preferências pessoais.
Considerar as fraquezas do estudante
Novamente vale a máxima socrática. O planejamento de estudos deve concentrar uma maior carga horária justamente no estudo das disciplinas de que não se tem conhecimento prévio e também naquelas em que temos maior dificuldade. É essencial se debruçar sobre as matérias de que menos gosta. O juiz William Douglas, o maior especialista em concursos públicos do Brasil, contou em uma entrevista que teve que “aprender a amar” uma certa modalidade do Direito que ele detestava, porque ela já o tinha reprovado no concurso da Magistratura duas vezes. Uma vez que ele mudou a forma de se relacionar com a matéria e priorizou estudá-la com afinco, conseguiu a aprovação no concurso.
Ser construído a partir das dicas de alguém com um mínimo de expertise
Ninguém aprende na escola a fazer planejamento de estudos, nem a estudar com método ou a aplicar técnicas de aprendizagem acelerada para obter resultados acadêmicos duradouros, infelizmente. Contudo, com um pouco de boa vontade e curiosidade é possível encontrar nas redes informações focais valiosas de profissionais experientes no CACD, como o diplomata Marcílio Falcão, por exemplo, que criou o Grupo Ubique e um método incrível de preparação para o concurso segundo o princípio da especificidade, o mesmo utilizado em competições de alto desempenho.
Ser exequível
Feito o planejamento adequado, ele deve ser posto em prática. A execução é a parte operacional do seu estudo, aquela em que você atesta se o que planejou funciona de fato. Talvez você perceba que aquele cronograma de estudos maravilhoso, que fez com tanto zelo no computador, imprimiu, encheu de washi-tapes e de marcações de stabilo em tons pastel não serve aos seus propósitos, porque não se adequou à sua rotina real. Saber se o plano é executável só é possível depois que você o põe em prática e não há muito o que fazer quanto a isso. E se não for exequível? Leia o tópico seguinte.
Ser revisado periodicamente
Se o seu planejamento não for exequível, comece de novo. Por isso é importante a avaliação periódica do seu plano de estudos. Anote isso, que aprendi a duras penas ao longo de quase duas décadas como concurseira: o plano de estudos não pode jamais ser engessado, porque ele é vivo, orgânico, e tem uma única função, que é acompanhar a sua própria evolução como estudante para melhor atender às suas reais necessidades. Essa atitude mental de flexibilização é sine qua non, porque você fatalmente vai ter que revisitar o seu plano para atestar onde ele precisa melhorar.
Ter eventuais falhas corrigidas
Detectou algo a ser melhorado? Melhore. Por isso é tão importante observar de modo crítico e periódico o planejamento de estudos. Se a execução do plano está funcional, siga em frente. Se não está, mapeie os pontos de tropeço, corrija, recomece e mensure. Reavalie. Recomece. Esse ciclo é infinito. Para passar no CACD, você terá de revisitar a estratégia de estudos com frequência e corrigir eventuais falhas.
Espero que esse texto seja útil. Nos próximos artigos, desdobraremos o tema.
Bons estudos!
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